Juíza dispõe violência contra a mulher como maior crise da humanidade
Falando sobre violência contra a mulher, ao Correio Braziliense, lamenta que o problema ainda seja considerado problema de família e de casal
A juíza Rejane Jungbluth Suxberger não lida, em seu dia a dia, com um problema de fácil solução. Em sua rotina, existe algo mais complexo. Titular do Juizado de Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher de São Sebastião, ela é categórica: “A violência contra a mulher é a maior crise enfrentada pela humanidade. Ainda há tanta resistência na intervenção por ser considerada ‘problema de família e de casal’, e isso decorre de nossas normas e valores sociais que, durante séculos, não permitiam que o Estado ultrapassasse a soleira da porta de casa”.
Autora do livro Invisíveis Marias — Histórias além das quatro paredes, que relata casos de mulheres invisíveis, vítimas de violência, Rejane lançou recentemente Violência contra a Mulher e o Sistema de Justiça: uma epistemologia feminista em um estudo de caso, resultado de sua tese de mestrado. Ali, debruçou-se sobre um cenário que ainda exige cuidado e um olhar atento: o enfrentamento da violência contra a mulher pelo sistema de justiça.
Atenta aos reflexos da pandemia na questão da violência de gênero, ela diz que a pandemia do coronavírus escancarou o problema que desde sempre vivemos: “Grande parte das persistentes desigualdades de gênero estão radicadas na premissa dos cuidados, principalmente infantil, como se as mulheres fossem detentoras de uma especialização — uma espécie de privilégio natural — para o cuidado. Sobre os nossos ombros se acumulam, além das incertezas de uma doença desconhecida, o trabalho doméstico e remoto. Somos prisioneiras das telas e da culpa”.
Para ela, persiste na sociedade a divisão sexual do trabalho, o que faz com que as diferenças de gênero se estanquem no interior da nossa profissão. “Fomos presença marcante em todos os processos revolucionários que transformaram as relações de gênero. Mas, ainda, nos encontramos numa subordinação cultural e psicológica, assistindo de camarote as práticas excludentes que operam sobre nós”.
Entrevista completa no Correio Braziliense
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