Campanha Janeiro Branco chama pacto em prol da Saúde Mental
Em sua 8ª edição, a campanha Janeiro Branco mobiliza opinião pública por mais atenção à saúde mental Leia mais
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Durante a pandemia de Covid-19, condomínios buscam informar aos síndicos sobre como proceder em casos de violência doméstica Leia mais
A vacina contra a Covid-19 desenvolvida pelo Instituto Butantan em parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac tem 78% de taxa de eficácia. Isso significa que 78% dos voluntários vacinados ficaram protegidos contra a doença. Leia mais
Com 90 países em confinamento, quatro bilhões de pessoas agora estão se abrigando em casa contra o contágio global do novo coronavírus (Covid-19). É uma medida protetora, mas traz outro perigo mortal. Vemos uma pandemia da invisibilidade crescente, a da violência contra as mulheres.
À medida que mais países relatam infecções e bloqueios, mais linhas de ajuda e abrigos para violência doméstica em todo o mundo estão relatando pedidos crescentes de ajuda. Na Argentina, Canadá, França, Alemanha, Espanha, Reino Unido e Estados Unidos, autoridades governamentais, ativistas dos direitos das mulheres e parcerias da sociedade civil denunciaram crescentes denúncias de violência doméstica durante a crise e aumento da demanda para abrigo de emergência. As linhas de apoio em Singapura [6] e Chipre registraram um aumento de chamadas em mais de 30%. Na Austrália, 40% de trabalhadores e trabalhadoras da linha de frente em uma pesquisa de New South Wales relataram um aumento de pedidos de ajuda, porque a violência está aumentando em intensidade.
O confinamento está promovendo tensão e tem criado pressão pelas preocupações com segurança, saúde e dinheiro. E está aumentando o isolamento das mulheres com parceiros violentos, separando-as das pessoas e dos recursos que podem melhor ajudá-las. É uma tempestade perfeita para controlar o comportamento violento a portas fechadas. E, paralelamente, à medida que os sistemas de saúde estão chegando ao ponto de ruptura, os abrigos de violência doméstica também estão atingindo a capacidade, o déficit de serviços tem piorado quando os centros são reaproveitados para serem usados como resposta adicional à Covid.
Mesmo antes da existência da Covid-19, a violência doméstica já era uma das maiores violações dos direitos humanos. Nos 12 meses anteriores, 243 milhões de mulheres e meninas (de 15 a 49 anos) em todo o mundo foram submetidas à violência sexual ou física por um parceiro íntimo. À medida que a pandemia da Covid-19 continua, é provável que esse número cresça com múltiplos impactos no bem-estar das mulheres, em sua saúde sexual e reprodutiva, em sua saúde mental e em sua capacidade de participar e liderar a recuperação de nossas sociedades e economia.
A ampla subnotificação de formas de violência doméstica já havia tornado um desafio a coleta de dados e respostas, menos de 40% das mulheres vítimas de violência buscavam qualquer tipo de ajuda ou denunciavam o crime. Menos de 10% das mulheres que procuravam ajuda, iam à polícia. As circunstâncias atuais tornam os relatórios ainda mais difíceis, incluindo limitações no acesso de mulheres e meninas a telefones e linhas de ajuda e interrompem serviços públicos como polícia, justiça e serviços sociais. Essas interrupções também podem comprometer os cuidados e o apoio de que as sobreviventes precisam, como tratamento clínico de estupro, saúde mental e apoio psicossocial. Isso também alimenta a impunidade de agressores. Em muitos países, a lei não está do lado das mulheres; 1 em cada 4 países não possui leis que protejam especificamente as mulheres da violência doméstica.
Se não for tratada, essa pandemia invisível também aumentará o impacto econômico da Covid-19. O custo global da violência contra as mulheres já havia sido estimado em aproximadamente US$ 1,5 trilhão. Esse número só pode aumentar à medida que a violência aumenta agora e continua após a pandemia.
O aumento da violência contra as mulheres deve ser tratado com urgência com medidas incorporadas nos pacotes de apoio econômico e estímulo que atendam à gravidade e escala do desafio e reflitam as necessidades das mulheres que enfrentam múltiplas formas de discriminação. O secretário-geral da ONU apelou a todos governos a fazer da prevenção e reparação da violência contra as mulheres uma parte essencial de seus planos nacionais de resposta à Covid-19. Abrigos e linhas de ajuda para mulheres devem ser considerados um serviço essencial para todos os países, com financiamento específico e amplos esforços para aumentar a conscientização sobre sua disponibilidade.
As organizações de mulheres e comunidades de base têm desempenhado um papel crítico na prevenção e resposta a crises anteriores e precisam ser fortemente apoiadas em seu atual papel de linha de frente, inclusive com financiamento que permaneça a longo prazo. As linhas de ajuda, o apoio psicossocial e o aconselhamento on-line devem ser aprimorados, usando soluções baseadas em tecnologia como SMS, ferramentas e redes on-line para expandir o apoio social e alcançar mulheres sem acesso a telefones ou internet. Os serviços policiais e de justiça devem se mobilizar para garantir que os casos de violência contra mulheres e meninas tenham alta prioridade, sem impunidade para os autores. O setor privado também tem um papel importante a desempenhar, compartilhando informações, alertando a equipe sobre os fatos e os perigos da violência doméstica e incentivando medidas positivas, como compartilhar responsabilidades de cuidados em casa.
A Covid-19 está nos testando de maneiras que a maioria de nós nunca experimentou anteriormente, fornecendo choques emocionais e econômicos que estamos lutando para superar. A violência que está emergindo agora como uma característica sombria dessa pandemia é um espelho e um desafio aos nossos valores, nossa resiliência e humanidade compartilhada. Devemos não apenas sobreviver ao coronavírus, mas emergir renovadas, com as mulheres como uma força poderosa no centro da recuperação.
Com informações da ONU Mulheres
A regulamentação do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb) tem sido prioridade para o deputado Bacelar (Podemos/BA). O parlamentar baiano se reuniu, na manhã desta segunda-feira (14), com membros da Comissão Especial, para tentar reverter, no Senado, as mudanças aprovadas pela Câmara dos Deputados, na última quinta-feira. A previsão é que a matéria seja votada no Senado nesta terça-feira (15).
“Vamos procurar os senadores, cada um de seu estado, para que a regulamentação do Fundeb seja votada sem destaques e emendas. Queremos recuperar o texto original apresentado pelo relator, deputado Felipe Rigoni, que foi um consenso entre oposição e governo. Tudo previamente acordado, negociado entre a bancada da educação, mas que, no plenário, foi modificado.” ressaltou Bacelar.
Entre as mudanças no relatório, apresentado pelo deputado Felipe Rigoni (PSB/ES), está a transferência de recursos da escola pública para as escolas confessionais, ligadas a igrejas, ou filantrópicas. Com isso, cerca de R$ 3,4 bilhões deixariam de ser repassados para as escolas públicas. “Privatizaram a educação pública. Criaram convênios em todos os setores. Estamos trabalhando para que a responsabilidade e o principal Direito Constitucional fique a cargo do Estado e não na mão de terceiros” disparou.
Em sua conta do twitter, Bacelar classificou quatro pontos como as “principais derrotas para educação pública”. São elas: a privatização da educação técnica e profissional (Sistema S); A privatização por convênios irrestritos na educação infantil (creche e pré-escola) e na educação especial; A privatização de 10% das vagas do ensino fundamental e médio; As instituições conveniadas poderão abocanhar mais 30% do custo aluno do FUNDEB para ofertar atividades extracurriculares aos estudantes das escolas públicas.
O parlamentar baiano criticou ainda a desvalorização profissional dos educadores. “Por último e, não menos importante, os profissionais da educação duramente atingidos em sua valorização” finalizou.
Fonte: ASCOM – Deputado federal Bacelar.
O número de mulheres nas Câmaras Municipais das 10 maiores capitais do país cresceu 43,1% com a eleição deste domingo.
Nas cidades com o maior número de cadeiras no Legislativo municipal, a participação de vereadoras passou de 13,8% para 19,7% em média: antes elas ocupavam 58 cadeiras das 421, somadas essas capitais, e agora detêm 83.
O caso mais expressivo é o de Belo Horizonte. Em 2016, a capital mineira elegeu quatro mulheres, ou apenas 9,7% das 41 vagas do parlamento. Em 2020, 11 delas foram eleitas, e a participação feminina saltou para 26,8% — a maior taxa entre as cidades levantadas.
Os belorizontinos também elegeram a primeira vereadora trans da cidade, Duda Salabert (PDT), que, de quebra, foi recordista de votos.
A Câmara do Rio de Janeiro, que elegeu sete mulheres (13,7%) em 2016, agora terá 10 (19,6%). Uma das eleitas é Mônica Benício (PSOL), viúva da ex-vereadora Marielle Franco. São Paulo, que tinha oito (14,5%), conquistou uma bancada de 13 vereadoras (23,6%), a maior das capitais.
Salvador e Fortaleza têm índices idênticos. Se haviam eleito sete mulheres (16,3%) na eleição passada, a partir do ano que vem terão nove (20,9%).
A única capital entre as 10 maiores que não registrou aumento foi Goiânia, que manteve o mesmo número de mulheres nesta eleição: cinco, ou 14,3% das cadeiras municipais.
Além do avanço quantitativo na participação feminina, há conquistas simbólicas nesta eleição. Em Curitiba, por exemplo, Indiara Barbosa (Novo) obteve 12.147 votos e se tornou a primeira mulher como a vereadora mais votada da capital paranaense. O terceiro lugar ficou com outra mulher, Carol Dartora (PT), que também se tornou a primeira vereadora negra de Curitiba. De sete vereadoras eleitas em 2016, a cidade passou a ter nove.
Recife, por sua vez, teve as duas melhores colocações na votação ocupadas por mulheres: Dani Portela (PSOL) e Andreza Romero (PP).
A capital paulista elegeu a primeira mulher negra e trans, Erika Hilton (PSOL), a sexta mais votada, seguida por Silvia da Bancada Feminista (PSOL), que deve levar à Câmara outras quatro “covereadoras” para um mandato coletivo.
Apesar do aumento na participação de mulheres no Legislativo municipal na eleição de 2020, a discrepância para os homens ainda é grande. Neste ano a taxa de mulheres concorrendo nas eleições subiu de 31,3% (146.871 candidatas) para 33,4% (179.543).
Desde 2018, os partidos são obrigados a repassar ao menos 30% do fundo eleitoral para candidatas mulheres. Com uma diretriz vaga do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sobre como deve ser distribuída a verba para as candidatas, cada partido adota uma metodologia. O resultado é que elas recebem recursos de maneira desigual, e alguns municípios têm baixo investimento em candidaturas femininas.
FONTE: Jornal Extra
“A autoestima foi meu trampolim para me reconstruir e me refazer”, ensina a escritora Joice Berth na fala de abertura da terceira edição de Universa Talks, promovido por Universa, nesta quarta-feira, 04, e que contou ainda com a participação de nomes como a influenciadora Alexandra Gurgel, (fundadora do @movimentocorpolivre), a cantora Teresa Cristina, a atriz Carolina Ferraz , a modelo Letticia Munniz e a surfista Suelen Naraísa.
Portal Geledés
Entre os temas debatidos pelas convidadas estão gordofobia, envelhecimento, cicatrizes e as marcas na pele após experiências como a gravidez.
Na abertura do evento, Joyce falou que vem desenvolvendo o tema autoestima a vida inteira, não só por ser mulher negra e que foi mãe cedo. Ela diz que precisa fazer uma série de movimentações na vida para não se abalar nem se colocar numa “caixinha” onde seria apenas mãe sem poder fazer nada além disso. E explica:
“Espaços são regulados e querem nos encaixar em modelos atrasados. A autoestima foi meu trampolim para a sobrevivência, para me reconstruir e me refazer”
Por isso, avalia ela, a importância do debate promovido por Universa. Ela lembra que se confunde muito a autoestima com a vaidade, com o simples ato de se olhar no espelho e gostar da imagem que está sendo refletida, mas que na verdade a autoestima está relacionada à maneira com que nos relacionamos conosco.
“O jeito que eu me trato é o jeito que vou tratar outras pessoas também”, conclui. “A beleza e a relação com a imagem também são importantes, mas dentro desse processo tem o pilar psicológico da construção, do empoderamento. Essa coisa do corpo gordo, do corpo negro, muito alto, baixo, essas imposições estéticas acabaram se tornando meios de nos oprimir”, pontua.
Joyce também atentou para a importância de se entender que gênero é uma construção social, e que não é porque somos mulheres que não podemos pilotar um avião ou temos necessariamente que viver nos moldes familiares:
“Essas considerações também fazem parte do nosso processo de construção da autoestima”, ensina. “Só com esse desafio de construção da autoestima que a gente consegue de fato se abrir para o mundo”, ela finaliza.
Com informações do UOL-Universa
Crédito da foto: fas-amazonia.org
Mulheres da Amazônia estão participando de cursos sobre equidade de gênero e direitos da mulher, ofertados pela Americanas e pela Fundação Amazônia Sustentável (FAS), que têm feito a diferença na região.
Com foco na conservação e promoção do desenvolvimento sustentável da floresta amazônica, os cursos obedecem ao lema de que educação e capacitação de qualidade têm o poder de impactar a vida de uma comunidade
Com o objetivo de estimular o empreendedorismo entre mulheres amazônicas, teve início neste mês de outubro o curso Empoderamento Feminino com 30 mulheres, em idades variadas.
Segundo informa o UOL, as aulas do curso fomentam discussões sobre como visões rígidas e tradicionais do papel do homem e da mulher na sociedade podem afetar diretamente as escolhas, a saúde e a sexualidade das mulheres.
Além disso, auxiliam na criação de uma rede de cooperação entre as habitantes locais. Vale ressaltar que todas as turmas do curso respeitam as normas de segurança recomendadas pela Organização Mundial de Saúde.
“Ao final do ciclo de projeto, serão realizados 15 cursos, todos atendendo a demandas previamente identificadas com os comunitários, pois desta forma é possível garantir o impacto positivo. No geral, os cursos têm temáticas voltadas à geração de renda que vão desde Design de Serviços Turísticos até a Manutenção de Motores de Popa (muito utilizado em comunidades tradicionais ribeirinhas). Buscamos ampliar uma rede de cooperação entre mulheres locais através de diversas atividades que trabalhem autoestima e valorização, desmistificação do papel da mulher na sociedade, bem como oficinas sobre seus direitos, e atividades que promovem emancipação e geração de renda”, explica Natália Bessa Ribeiro, líder e idealizadora do curso de empoderamento feminino da FAS.
Para Natália, o projeto pode fazer a diferença na vida das mulheres, a partir do momento que capacita e oferece contato com o conhecimento. “Acreditamos que, através do conhecimento e competências adquiridas ao longo dos cursos de empreendedorismo, cada participante terá o norte necessário para abrir seu próprio negócio, seja trabalhando com Turismo de Base Comunitária ou por meio do Empoderamento Feminino. Ele constrói uma rede de apoio entre as mulheres ribeirinhas, possibilitando a independência e valorização do seu trabalho, como as artesãs. Após entenderem sua força e possibilidade de ocupar todos os espaços, também conseguem se enxergar como empreendedoras”.
O projeto evidencia o quão importante é começar a falar sobre empoderamento ainda na infância. “Quando falamos em empoderamento feminino em comunidades tradicionais, não estamos falando somente de dar espaço para mulheres, mas de encorajá-las desde meninas a serem o que quiserem, ensinando-as a terem autoestima e repassarem esse suporte a outras mulheres. Aqui, trazemos temas relevantes e atuais, como a conceituação do que é empoderamento, os tipos de poder, a identidade da mulher ribeirinha e, ainda, a diferenciação dos tipos de violências sofridos pela mulher: física, sexual e psicológica”.
Para Neurilene Cruz da Silva, 36 anos, da etnia Kambeba, grupo indígena que habita o médio Rio Solimões, no estado do Amazonas, ter acesso aos cursos de turismo de base comunitária e de culinária a fez reconhecer o seu valor e buscar novas oportunidades de trabalho. Tanto que hoje, ela é a responsável pelo restaurante da comunidade. “Não é fácil ser mulher na minha etnia. Aqui, ainda acreditam que mulher tem que ser submissa aos seus maridos, aquela que vive na cozinha, lavando, passando, indo para a roça. Mas eu vi que poderia não ser assim, eu não nasci para ser dominada. Eu vi minha avó e minha mãe nessa situação e eu nunca quis ser essa pessoa. Quando chegou a Fundação Amazônia Sustentável, eu fui levada a querer trabalhar e querer o que é meu. Eu fiz vários cursos e isso me deixou mais segura para trabalhar. Tem sido muito importante a experiência de trabalhar com pessoas de fora do Amazonas, de todo Brasil e até do exterior. Isso me motivou a fazer o curso de turismo, eu já tinha feito o curso de culinária e vi que era importante me aprimorar ainda mais”, lembra.
A profissional ainda explica como trabalhar com alimento tem gerado uma conexão maior com a sua cultura. “A comida indígena nos traz força para lutar. Através dela, já fomos premiados e reconhecidos várias vezes. Essas premiações servem de inspirações e me fortalecem, pois lembro da minha avó, da minha cultura, os meus costumes, tudo aquilo que a gente não pode esquecer jamais”.
Professora e artesã da comunidade de Tumbira, no Amazonas, Izolena Garrido, de 40 anos, acredita que o contato com a Fundação lhe permitiu aprimorar suas relações humanas. “Me ajudou bastante na atuação como professora comunitária, a melhorar a minha conduta como ser humano e ver as necessidades do meu povo. Eu queria me potencializar e potencializar as mulheres que me cercavam, trabalhar com o meu povo, entender as suas necessidades e ter os mecanismos para ajudá-los”.
Izolena afirma que cada mulher tem seu talento e só precisa de um estímulo para que ele aflore. “Antes de fazer o curso, muitas mulheres tinham insegurança daquilo que elas poderiam conseguir na vida delas. Sabiam muita coisa, faziam muita coisa, mas não tinham direcionamento. O curso mudou a vida dessas mulheres. Hoje, a minha missão é fortalecer as outras mulheres, para que elas possam reconhecer o seu potencial e desenvolver dentro delas os elementos necessários para crescer no mercado de trabalho. Acima de tudo, sou uma mulher que luta com as outras em busca do nosso respeito, da nossa dignidade e do nosso espaço social. A mulher da floresta tem muito a aprender, mas também tem muito a ensinar”, finaliza.
Matéria no UOL
As mulheres chilenas terão pela primeira vez a possibilidade de redigir uma nova Constituição em condição de igualdade de representação, com a aprovação da convenção constituinte no plebiscito no último domingo (25).
Em uma das maiores conquistas do poderoso movimento feminista chileno, o Congresso havia aprovado, em março, uma lei inédita que garante a paridade de gênero nas candidaturas à convenção que vai redigir o novo texto constitucional. Com isso, a convenção constituinte se tornará a primeira do mundo a garantir uma conformação equitativa entre homens e mulheres.
No plebiscito deste domingo, além de aprovarem, com quase 80% dos votos, a redação de uma nova carta magna para substituir a vigente desde a ditadura de Augusto Pinochet, os chilenos também escolheram o modelo para a elaboração da nova Constituição. Neste caso, 79,21% decidiram por uma convenção constituinte exclusiva, com todos os delegados eleitos pelo voto popular.
O próximo passo agora é a eleição marcada para o dia 11 de abril do ano que vem, que escolherá os 155 delegados constituintes, responsáveis por elaborar o novo texto, um processo que deve durar até 12 meses.
— É uma reivindicação feminista há anos e gostaríamos que a paridade não só existisse no sistema político, mas também em todos os setores, tanto privado quanto público — disse à AFP Rosa Montero, presidente do partido político em formação Alternativa Feminista.
Em um país com baixa participação laboral feminina (36%) e representação política (menos de 20% no atual Congresso) há expectativa sobre as questões que as mulheres podem contribuir caso participem da elaboração de um novo Constituição.
— As mulheres agem, refletem e apresentam projetos a partir de uma perspectiva diferente da masculina. Temos, por exemplo, a questão do aborto, que é uma demanda há muitos anos e são os homens que decidem por nós. pode ser — diz Montero.
Para Claudio Fuentes, acadêmico de Ciência Política e professor da Universidade Diego Portales, “ter uma representação equilibrada de homens e mulheres favorece os interesses das mulheres, porque em geral, no caso do Chile, foram elas que colocaram em pauta as questões associadas às mulheres”. Desta forma, acrescenta Fuentes, “a articulação e pressão das mulheres têm permitido colocar na agenda pública certas questões que os homens no Congresso não colocavam.”
Depois de anos de discussão, só em 2017 as mulheres chilenas conseguiram que o Congresso aprovasse uma lei do aborto terapêutico, que permite a interrupção da gravidez em caso de estupro, risco de vida para a mãe ou inviabilidade fetal. Até aquele ano, o Chile era um dos poucos países do mundo que não permitia a interrupção da gravidez por qualquer motivo. E há algumas semanas, um antigo regulamento que proibia mulheres — não homens — de se casarem novamente até 270 dias após o fim do divórcio, que procurava evitar dúvidas sobre a paternidade dos filhos.
Nas ruas, as mulheres celebram a possibilidade de poder redigir uma Constituição pela primeira vez:
— A esta altura do século XXI não devíamos estar a discutir isto, mas se se abre a porta para a representação da esfera feminina, está correto, é justo e necessário. Temos uma visão do país que deve ser representada — disse uma manifestante à AFP.
No país em que nasceu o coletivo feminista Lastesis, eleito pela revista Time como uma das lideranças mais influentes deste 2020 após popularizar no mundo sua performance “Um estuprador em seu caminho” sobre a violência sexista, as mulheres ainda têm muitos problemas a resolver.
Um projeto de lei sobre o aborto legal foi apresentado ao Congresso, mas as mulheres também buscam avançar em questões prioritárias como igualdade de remuneração, reconhecimento do trabalho doméstico e direito à vida sem violência.
Com informações do Minuto Diário.
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