Empreendedorismo Feminino: O Desafio da Dupla Jornada e a Sobrevivência das Mulheres no Mercado
Por Márcia Pinheiro, Presidente Nacional do Podemos Mulher
O empreendedorismo feminino no Brasil tem se consolidado como uma força motriz na economia nacional. Dados do relatório Global Entrepreneurship Monitor (GEM) 2022 indicam que 34,4% dos empreendedores brasileiros são mulheres, representando um marco histórico no período pós-pandemia. No entanto, essa trajetória é marcada por desafios significativos, especialmente no que tange à sobrecarga decorrente da dupla jornada.
Uma pesquisa realizada pela startup Olhi em 2023 revelou que 54,9% das mulheres empreendedoras conciliam as responsabilidades de gestão de seus negócios com as tarefas domésticas. Essas mulheres dedicam, em média, mais de oito horas diárias aos seus empreendimentos e entre duas a quatro horas às atividades do lar. Essa sobrecarga não apenas afeta o desempenho profissional, mas também tem implicações diretas na saúde mental, com relatos frequentes de exaustão e cansaço.
A busca por flexibilidade é uma das principais motivações para o empreendedorismo feminino. Cerca de 30% das mulheres iniciam seus próprios negócios visando equilibrar trabalho e maternidade. Contudo, 52% enfrentam dificuldades em conciliar a dupla jornada, o que evidencia a persistência de uma visão patriarcal que atribui às mulheres a responsabilidade primária pelos cuidados domésticos e familiares.
Além da sobrecarga, as empreendedoras enfrentam desafios como a falta de incentivo e apoio financeiro (37,3%), insegurança (35,4%) e desconhecimento de ferramentas de gestão (27,4%). Esses obstáculos são agravados pela percepção de que, por serem mulheres, enfrentam mais dificuldades para acessar crédito e financiamentos.
Para enfrentar esses desafios, é importante fomentar iniciativas que valorizem o papel da família na organização das responsabilidades domésticas, ampliem oportunidades para as mulheres no acesso a recursos financeiros e ofereçam suporte para o aprimoramento profissional e a gestão de negócios. Com uma abordagem equilibrada e responsável, é possível fortalecer o empreendedorismo feminino, garantindo que as mulheres alcancem sucesso sem comprometer sua qualidade de vida e estabilidade familiar.
Em suma, embora as mulheres brasileiras estejam cada vez mais presentes no cenário empreendedor, é imperativo reconhecer e abordar as barreiras que ainda limitam seu pleno potencial. A construção de um ecossistema de negócios mais inclusivo e equitativo beneficiará não apenas as empreendedoras, mas toda a sociedade.
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