Lipedema: uma questão urgente de saúde pública no Brasil
Por Márcia Pinheiro, Presidente Nacional do Podemos Mulher
O lipedema é uma doença crônica e progressiva que afeta cerca de 12,3% das mulheres brasileiras, conforme estudo publicado no Jornal Vascular Brasileiro. Isso representa aproximadamente 8,8 milhões de mulheres entre 18 e 69 anos. A doença se caracteriza pelo acúmulo anormal de gordura em pernas e braços, causando dor intensa, inflamação, restrição de mobilidade e complicações psicológicas significativas. Apesar de sua alta prevalência e impacto na qualidade de vida, o tratamento do lipedema não está incluído no Sistema Único de Saúde (SUS), tornando-se inacessível para muitas mulheres que dependem exclusivamente do sistema público de saúde.
Além dos danos físicos, o lipedema está associado a um aumento no risco de doenças metabólicas, cardiovasculares, ansiedade e depressão. Mulheres acometidas frequentemente relatam dificuldades para se manterem no mercado de trabalho devido à dor crônica e às limitações de mobilidade. O impacto econômico também é significativo: muitos pacientes recorrem a tratamentos particulares, incluindo drenagem linfática, uso de roupas de compressão e cirurgias de alta complexidade, que podem custar de R$30 mil a R$100 mil. Esse alto custo exclui a maior parte das mulheres brasileiras da possibilidade de tratamento adequado.
No campo social, a falta de atendimento adequado perpetua o ciclo de desigualdade, pois mulheres de baixa renda são as mais afetadas pela impossibilidade de tratar a doença. O afastamento do trabalho gera impacto na economia, aumentando o número de benefícios por incapacidade e afastamentos temporários no INSS.
Diante da gravidade do problema, a Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher da Câmara dos Deputados tem discutido a inclusão do tratamento do lipedema no SUS. A deputada Coronel Fernanda (PL-MT) enfatiza que “a incorporação do tratamento do lipedema no SUS é essencial para garantir que todas as mulheres tenham acesso a um atendimento digno e de qualidade”. O governo federal precisa agir com urgência para garantir que o lipedema seja tratado como uma doença crônica e não apenas um problema estético, como muitas vezes é erroneamente classificado.
A inclusão do tratamento no SUS não apenas melhoraria a qualidade de vida das pacientes, mas também reduziria os custos públicos a longo prazo, evitando complicações graves que demandam internações prolongadas e procedimentos mais onerosos.
O reconhecimento do lipedema como uma doença crônica que necessita de tratamento público é uma questão de justiça social. O Brasil já enfrenta desafios na saúde da mulher, e ignorar essa condição apenas agrava o problema. Conclamamos o governo federal e os parlamentares a darem a devida atenção a essa pauta, garantindo que todas as mulheres tenham acesso ao cuidado necessário para viverem com dignidade.
A saúde pública precisa priorizar as necessidades reais das mulheres. O lipedema não é apenas um problema de saúde, é também uma questão de equidade, inclusão e justiça social.
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